Reflexos Da Escuridão
Eram cinco horas da manhã quando ela chegou em casa
Seu olhar assustado revelava todo medo que estava dentro de si
E sem dizer nenhuma palavra pôs-se a entrar correndo em seu quarto
Aqui dentro
Portas e janelas fechadas
Horas e horas da vida que se escoa de suas veias
Lá fora
O sol forte quase mortífero
Porém nenhuma luz toca a sua pele e nunca tocara
Bela jovem ao pálido reflexo dos espelhos
Linda até na morte
Morta segue seus dias sepultada
Em um túmulo de solidão
Pois como poderei chamar isso de vida
Caminhar ao anoitecer
vagando por entre túmulos
Alimentando-se dos restos da podridão humana
Buscando nisso satisfazer uma personalidade doentia
Fantasiando uma existência obscura
Não!!!
Eu não posso aceitar esse triste viver
Sendo que no passado nossas vidas eram tão diferentes
E estar junto de ti era para mim mais importante que tudo
Ao seu lado senti as mais fortes emoções
Nos teus braços descobri o calor da paixão
E no seu carinho uma forma de amar
Agora me diz
Como esquecerei de tantas lembranças
O som dos violinos ainda toca tão forte em minha mente
Fecho os olhos e te vejo dançar
Na alegria de cada melodia
Na emoção de cada canção
O salão foi todo seu
e eu não pude te resistir
Uma dança após outra
Noites inteiras sem parar
As festas nunca chegavam ao fim
Ah! Como queríamos que tudo aquilo fosse eterno
Desejávamos que o tempo parasse
Para que assim ele imortalizasse o nosso amor
Mais o que para mim foi apenas um pensamento
Sintetizado em belas palavras
Tornou-se para ti uma incontrolável obsessão
Uma busca insana
Pelo ocultismo sombrio
Que um dia se apresentou perante ti
Dizendo ser o único a possuir aquilo que você tanto desejava
Um sangue amaldiçoado
Que te prometeu não ver mais nos espelhos
A imagem que o tempo tanto insiste em envelhecer
Trazendo em nossas vidas
Uma estaca que dividiu o rumo do nosso caminho
Me fazendo ter que escolher entre a luz e as trevas
Adeus!
Uma palavra de despedida em minha alma
Quando escolhi o melhor caminho
Os antigos casarões estão em ruínas
Breve se tornarão escombros da decadente escuridão
E o que restara do nosso passado
Será a lembrança de um doloroso amor
Em mim
Um novo viver
Uma luz no fim do túnel a qual não rejeitei
Uma porta estreita que estou prestes a abrir
Minha alma banhada em sangue
Jorrado pelo Deus da minha salvação
Em ti
Um entristecer-se ao extremo
Uma rosa que não parou de sangrar
Um corte profundo em teu peito
Que dilacerou sua alma
E te fez descer
Ao mais profundo abismo
Por: Edson Moura.
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